Comunicação, cultura e resistência são as palavras de ordem do ERECOM Seropédica

Por Thiago Silva e Beatriz Rodrigues
Foto de Thiago Silva

Nos dias 10, 11 e 12 desse mês, a Rural recebeu mais de 250 estudantes e já graduados em Comunicação Social de 23 Instituições de Ensino Superior da Região Sudeste e de outras regiões, como do Nordeste.Todos saíram de suas cidades para participar do Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação (Erecom), que escolheu Seropédica como sede para empoderar a Baixada como um lugar de fala protagonista.

O objetivo do encontro é aproximar os graduandos do movimento estudantil, debatendo temas da área da Comunicação que muitas vezes não estão presentes na sala de aula, além de levantar as bandeiras de luta da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos), entre as quais se destacam, principalmente, o combate às opressões e a democratização da comunicação.
O Erecom Seropédica teve apoio da Enecos e foi organizado pelo Coletivo Bonde doRio.  O grupo, que é formado por estudantes da UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ, PUC, FACHA, CCAA e UBM, movimenta ações para pensar as pautas da Enecos dentro do Rio de Janeiro.
Com o tema “Comunicação, Cultura e Resistência”, o encontro teve, praticamente, um dia voltado para cada umas dessas áreas de militância, discutindo-as, direta ou indiretamente, através de debates, palestras, oficinas, atividades lúdicas e contato entre os próprios estudantes.
O primeiro dia foi voltado para a discussão da democratização da comunicação e meios alternativos às mídias hegemônicas, como o caso da comunicação comunitária feita pelo jornal O Cidadão da favela da Maré. O DemoCom (Democratização da Comunicação) foi, na verdade, uma palestra destinada a discutir a liberdade midiática no cenário atual. De acordo com Guilherme Neves, aluno do 4º período de Jornalismo da Rural, foi positivo trazerem pessoas atuantes em favelas para falarem sobre sua realidade.
– Mais positivo foi poder ver como essas pessoas tinham orgulho e sentimento de pertencimento ao local onde vivem, referindo-se, inclusive, a si mesmos como favelados. Isso foi uma quebra de paradigma que ajudou a romper preconceitos de muitos presentes, inclusive os meus – destacou.
No sábado, segundo dia do evento, a pauta principal foi o combate às opressões, principalmente de gênero, raça e orientação sexual. A plenária de diversidade sexual, uma das mais aguardadas, gerou debate e descortinou a invisibilidade que os meios comunicacionais dão ao crescente número de assassinatos por homofobia, transfobia e lesbofobia. O segundo dia foi finalizado por uma mística coletiva, em que os encontristas foram vendados, as luzes apagadas e, ao som de sirenes, os membros da Comissão Organizadora passavam pelas fileiras gritando xingamentos e palavras de opressão. O objetivo era imprimir nos presentes, através dos sentimentos, uma nova percepção do mundo, das atitudes individuais e mostrar, através do incômodo, o quanto essas palavras ferem. Após as vendas serem retiradas, houve lágrimas e muita comoção.
Analisar a formação dos comunicadores foi o objetivo do último dia. Cada Centro e Diretório Acadêmico das universidades presentes puderam trocar experiências e relatar as realidades dos seus cursos. A última plenária do Encontro tratou da reforma curricular dos cursos de jornalismo após a retirada da habilitação no campo da Comunicação Social; da Ética Publicitária; e do papel social das Relações Públicas.
Sendo o Erecom um evento organizado de estudantes para estudantes, em todo último dia de encontro é realizado o Corecom (Conselho Regional de Entidades de Base de Comunicação), espaço onde é possível avaliar o Erecom e todas as atividades realizadas pela Enecom ao longo do ano.
Para fechar o Erecom ocorreu a última “Cultural”, espaço de celebração e vivência que aconteceu em todos os dias do Encontro, com muita música de raiz, como samba, funk e jongo.
Algumas dificuldades, além do calor característico de Seropédica, fizeram parte do final de semana dos participantes. Segundo a aluna do 4º período de Jornalismo da Rural, Neuriane Gualberto, a distância entre os institutos prejudicou o deslocamento de muitos estudantes de fora, que não estavam acostumados com o trajeto. Por mais que os locais escolhidos para o evento fossem bem próximos, ainda sim, houve pequenos atrasos em relação à locomoção dos participantes.
Mesmo com todos os problemas que apareceram no meio do caminho, esse Erecom convidou muitos alunos a abrirem seus olhos para uma nova visão do mundo e para transportarem tudo o que foi aprendido às suas áreas de ensino.
-Trouxemos coisas incríveis do Erecom. Essa experiência nos alertou e motivou para a luta por uma comunicação de qualidade. E foi a experiência mais bonita da minha vida. Eu só tenho a agradecer a todos que fizeram parte do Encontro. Foi um aprendizado enorme e será lembrado para o resto da vida. – ressaltou Thiago Rocha, do 2º período de Jornalismo da Universidade de Barra Mansa.
Sediar um Encontro Regional de Estudantes de Comunicação, nesse momento, é de extrema importância para o Jornalismo na Rural, que acabou de formar sua primeira turmahá alguns meses, porque insere o curso de vez no cenário universitário brasileiro, consolidando-o dentro do Rio, sobretudo na Baixada Fluminense. Isso além, é claro, de trazer a militância e a percepção do papel da comunicação para o Rio de Janeiro.

Confira como foi o encontro pela nossa galeria de fotos

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