ICHS no verão
Por Arthur Antunes e Maiara Santos
Janeiro é o mês das temperaturas mais altas do ano. Se a medição chega a 40°C, a sensação térmica beira os 50°C. Enquanto muitos desfrutam das férias e do lazer, os alunos da UFRRJ – ainda em período letivo – sofrem com o estado precário de alguns serviços básicos e indispensáveis, como bebedouros e banheiros, nas instalações do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).Coleta de lixo deficiente; aparelhos de ar condicionado danificados ou insuficientes nas salas de aula e laboratórios; banheiros sem papel higiênico e sabonetes; bebedouros sujos e com água quente são alguns dos problemas citados pelos que passam pelo Instituto, como a aluna de História, Vanessa Gouveia, 21:
– Às vezes, a gente sai de outro prédio, vem para o ICHS e quando chega aqui não tem água nos bebedouros. O ar condicionado da sala de estudos também não funciona corretamente e o banheiro, frequentemente, está interditado – afirma.
Débora Mattos, 22, aluna de Jornalismo, tem aulas no Instituto e também percebe os problemas do local:
– O que mais me incomoda no ICHS é a água quente do bebedouro, o ar condicionado das salas, que não funciona, e a falta de sabonetes no banheiro – relata.
Todas essas dificuldades são de fácil identificação. Ao andar pelo pátio do ICHS, é possível notar que os serviços de limpeza e coleta de lixo estão escassos, pois as lixeiras e caçambas encontram-se lotadas de resíduos.
Segundo o diretor do ICHS, professor Ricardo Oliveira, os dois maiores impasses para fazer a conservação são a falta de um setor de manutenção que atenda às demandas em tempo hábil e o fim do contrato da empresa terceirizada, encarregada da limpeza e conservação do Instituto.
– Não se tem, na Rural, um serviço de parte elétrica e hidráulica. Tudo isso fica à mercê de pessoas que ajudam. Não temos uma empresa que possa realizar esse tipo de serviço. O acúmulo de sujeira nos banheiros e no pátio do ICHS é devido à mudança da empresa terceirizada que realiza a limpeza do lugar. A Universidade fez essa troca de maneira pouco cuidadosa. Com isso, nós ficamos sem uma empresa, e ainda sem saber se teremos outra. (…) A Rural não tem um serviço de coleta de lixo regular. Acontece uma vez por semana e ‘olhe lá’ – explicou Ricardo.
Ainda questionado sobre outras dificuldades, como a falta de papel higiênico nos banheiros, o professor e diretor acrescentou:
– Infelizmente, não posso licitar papel higiênico. Quem licita é a reitoria e ela ainda não o fez. O que tinha era estoque. Nós sempre pedimos uma cota a mais e, no ano de 2013, a Rural não comprou papel higiênico. O que nós tínhamos foi embora. (…) Sem previsão de compra nós ficamos impedidos de oferecer um serviço de boa qualidade. A Rural está muito aquém de uma gestão moderna em relação a outras universidades.
Ao final, Ricardo foi bem taxativo sobre o modelo de gestão da UFRRJ.
– Assumi o cargo dentro de um desafio. Cabe à Rural mudar. Já existem alguns avanços, como os conselhos mais democratizados. Em muitos casos nós, diretores, ficamos de mãos atadas. ‘Apagamos mais incêndio que fazemos fogueira’. Para resumir em uma só frase: O que mais nos afeta é a própria Universidade. A Rural não tem soluções para si mesma.