Mídia Ninja e o que vale a pena ser dito
por Thiago Silva e Cecília Damasceno
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Rejane Moreira e Isadora Machado – Foto de Cecília Damasceno |
O quinto e último dia da 3ª Comunicar!trouxe para discussão a quebra de paradigmas no fazer jornalístico. A mesa Mídia Ninja e Novas Narrativas, mediada pela professora do curso de Jornalismo da UFRRJ, Rejane Moreira, contou com a presença de uma representante do grupo Mídia Ninja, Isadora Machado. Durante o evento da última sexta-feira, Isadora se dispôs a explicar de forma franca e objetiva o funcionamento desse grupo, que clama disponibilizar ao grande público narrativas menos parciais do que as da mídia tradicional.
A noite, como todas as outras, contou com um momento cultural como abertura. O estudante do quarto período, Victor Ohana, brindou o público com uma apresentação que arrancou aplausos de todos os presentes. Com Caio Assis, aluno do sexto período,ao violão, Ohana cantou e interpretou músicas autorais, provocando, além de muitos aplausos, risos.
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Isadora Machado em foto de Thiago Silva |
Deu-se início, então, ao debate. Para iniciar seu momento na discussão, Isadora optou por apresentar um vídeo curto mostrando flashes da repercussão online de notícias divulgadas pela Mídia Ninja.
Movimento iniciado em março desse ano como uma ramificação de outro projeto mais antigo, o Fora do Eixo, a chamada Mídia Ninja é um acrônimo para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. Tornou-se conhecido mundialmente, durante as manifestações de junho, como uma forma alternativa à mídia tradicional. Usando câmeras de celulares, atraiu muitos olhares por transmitir os acontecimentos pela internet em tempo real e sem edição. O ponto principal do movimento, segundo Isadora, é possibilitar que a informação seja divulgada de forma horizontal, de cidadão para cidadão, livre da estrutura plastificada que a mídia tradicional assumiu ao longo dos anos.
O segundo momento da noite foi dedicado a perguntas. Devido à popularidade alcançada pela Mídia Ninja no espaço virtual, principalmente após as coberturas das manifestações que tomaram conta do país na segunda metade deste ano, vários alunos apresentaram questionamentos sobre as práticas e os princípios desse movimento. Uma das questões principais, que voltou à tona em diversos momentos do debate, foi considerar se seria ou não jornalismo o material divulgado pela Mídia Ninja. Quanto a esse aspecto, Isadora foi categórica: sim, a Mídia Ninja faz jornalismo.
– A estética amadora muitas vezes consegue trazer, para o público, imagens e informações mais interessantes do que o vídeo limpo e polido do profissional – ressaltou Isadora.
Um momento marcante do evento foi quando um policial militar fardado, que havia entrado para assistir a palestra, perguntou qual o posicionamento da Mídia Ninja quanto à desmilitarização. A jornalista considera que a desmilitarização não é a solução para tudo.
– O problema não é que roubou, mas que está roubando. É a falta de preparo. Mas acho que essa questão é para ser discutida por outros ‘mídia’ – respondeu Isadora.