Livro expõe a eugenia brasileira dos anos 40
por Talyta Magano
A nova obra do Prof. Dr. Fábio Koifman, Imigrante Ideal, será lançada no dia 23 de outubro, às 18h, no Centro Cultural Justiça Federal, que fica na Av. Rio Branco, 241 – 1º andar.
O livro, produzido pela Editora Civilização Brasileira, trata do período 1941-1945, quando Getúlio Vargas participou do “Serviço de Visto”. O autor se baseou em documentação inédita para mostrar que Vargas aprovou essa política de governo, em que os imigrantes eram submetidos a seleções, de modo a manter uma linhagem melhor para a população brasileira. Seguindo essa premissa, os imigrantes “ideais” seriam os portugueses e suecos, rejeitando judeus, orientais, negros, deficientes, entre outros grupos. O governo, portanto, seguia tendências eugênicas, já que mediava o controle social.
– O objetivo era melhorar as gerações para o desenvolvimento do País. Isso porque o subdesenvolvimento e o atraso eram associados a uma suposta má formação étnica do povo, explica Koifman.
Koifman é graduado em Direito (UFRJ) e História (UERJ), mestre em História (UERJ), Doutor em História (UFRJ) e Pós-doutor pela UERJ. Atualmente, leciona para os cursos de História e Relações Internacionais na UFRRJ.
Eugenia
Já que o livro trata das tendências eugênicas do governo brasileiro, cumpre aqui esclarecer para nossos leitores alguns aspectos. Eugenia foi um termo criado por Francis Galton (1822–1911), significando “bem nascido”. Galton definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, parte fundamental da ideologia de pureza racial, que culminou no Holocausto.
Até os dias atuais, filósofos e sociólogos afirmam que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as mesmas como aptas ou não-aptas para a reprodução. A eugenia nasceu na época em que a ciência triunfante revolucionava o mundo da técnica. No materialismo, existia uma grande tentação de utilizar o homem como um material ou animal, que poderia ser melhorado por meio de cruzamentos e uma seleção “científica”.