Importância do orçamento em palestra no ICHS
por Lívia Neves
Com os versos de Tim Maia, “Quando a gente ama não pensa em dinheiro. Só se quer amar”, e dos Titãs “A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade”, soando no Espaço Cultural Paulo Freire, a professora Patrícia Freitas, do Departamento de Economia Doméstica, deu início à palestra “Refletindo sobre o consumo e uso da renda”, no último dia 16.
Apesar de começar sua fala com a idéia de busca do lazer e da felicidade com a renda, a professora não deixou de criticar gastos impensados e de recomendar certo planejamento. Ela explicou os fatores que tornam o endividamento mais propício: após o Plano Real, quando segundo a palestrante, o brasileiro passou a “experimentar a sensação de viver com a inflação reduzida”, ao contrário do que era esperado, grande parte se endividou. A possibilidade de consumir o que antes não era possível, além das facilidades de pagamento em diversas parcelas e a acessibilidade ao crédito completam o cenário.
A professora explicou que o aumento do poder aquisitivo é diferente da melhoria da qualidade de vida, já que existe quem ganha muito e não sabe administrar. Ela completou dizendo que o dinheiro obtido através de crédito é fácil e rápido, mas também cobrado.
No decorrer da palestra, Patrícia Freitas enumerou as características da sociedade de consumo, que consagra o novo, estimula a insaciabilidade, produz novidades cada vez mais rápido e, como uma bola de neve, envolve o consumidor em um mundo onde produtos são “sonhos”, mas cada compra leva à desilusão e ao descarte, na medida que logo um novo e melhor produto surge.
Em meio à sociedade de consumo, não é difícil que o indivíduo, em sua ânsia de suprir seus desejos, gaste mais do que recebe. A professora citou o setor de endividados do Procom, que lida com casos de pessoas ganhando um salário mínimo e chegando a ter dívidas de R$ 20 mil.
A solução para não atingir esses extremos, como demonstrou a professora, é simples, mas nem por isso fácil: orçamento. De acordo com ela, a dificuldade de fazer um orçamento consiste na falta de hábito, no desconhecimento da importância dessa prática, na vontade de obter resultados imediatos e no desconforto de encarar a própria realidade financeira. Ainda assim, esse é o passo principal para a obtenção do equilíbrio entre gastos necessários e gastos com lazer. Deve-se definir objetivos e, para alcançá-los, poupar onde não é preciso gastar.
Para a professora, tanto quanto ajustes matemáticos, são necessários ajustes nos hábitos. Ela ensinou que um bom orçamento deve suprir as necessidades e desejos e também prever o futuro. Consiste na relação entre a soma das receitas (no caso de uma família) e os gastos mensais. Ele envolve planejamento, priorização e controle. O que a palestrante não deixou de ressaltar é que não existe uma fórmula para um bom orçamento, ele deve se adequar aos objetivos e à renda de cada um.