“O discurso político nas charges e caricaturas” é o tema de uma exposição instalada na UFRRJ, em 12 de novembro, com obras da autoria de Ique, Cruz, Aroeira, Cavalcante e Lula. Antes da abertura da exposição, houve uma mesa redonda com a participação de dois dos artistas expositores. Eles falaram sobre a temática das obras, sobre o trabalho de ilustrador e sobre as relações com o jornalismo. O evento marcou o encerramento da II Semana Acadêmica do curso de Letras e foi organizado em parceira com o curso de Belas Artes.
A ideia de organizar a exibição dos trabalhos dos chargistas e cartunistas surgiu nas aulas de Análise do Discurso ministradas pela professora Roza Palomanes aos alunos do curso de Letras.
O caricaturista e ilustrador Cavalcante, do jornal O Globo, contou que trabalha a maior parte do tempo no estúdio particular e fica na redação de 3 a 4 horas por dia. Já Luiz Fernando Palomanes Martino, o Lula, trabalha como freelancer para a revista Playboy, para o jornal O Globo e para o jornal Valor Econômico. Assim como Cavalcante, Lula trabalha em casa, pois, segundo ele, o computador e a internet facilitaram a produção e envio dos trabalhos para as redações. Ambos palestrantes iniciaram suas carreiras no extinto jornal Pasquim, na década de 80, tendo como referência Millôr Fernandes.
Eles explicaram a diferença entre charges, caricaturas e cartuns. A charge precisa expressar o tempo atual, seja com um discurso político ou não. Já a caricatura é apenas um retrato e pode ser usada na charge para identificar um personagem. O cartum traz sempre uma mensagem atemporal.
A palestra dos desenhistas foi direcionada pelas perguntas do público presente no auditório Gustavo Gusmão, no prédio principal da UFRRJ. Entre várias questões, indagaram sobre a influência do editor jornalístico em seus trabalhos. Eles esclareceram que há pouca interferência. Ela acontece, na maioria das vezes, apenas quando o desenhista perde o tempo do humor ou quando a crítica é excessiva, segundo eles, a maior dificuldade no seu trabalho.
As novas técnicas de produção também foram motivo de curiosidade do público. Eles disseram que o trabalho ainda é feito no papel, depois é digitalizado. Se necessário, acrescenta-se cor nos desenhos, mantendo-se os traços originais.
Os trabalhos dos artistas podem ser apreciados até o dia 30 de novembro nas salas 61 e 62, Prédio da Reitoria da UFRRJ.