Com sua terceira edição à vista, a Simulação de RI procura estreitar a distância entre os alunos e as atividades diplomáticas – por Anna Carolina Castro
Quem chega cedo ao ICHS, talvez os encontre conversando sobre qualquer coisa, em pé ou mesmo nas mesas do pátio. Quem vê nem imagina o que acontece quando estão todos com suas calças sociais em volta de uma mesa, identificados como representantes de vários país. É nesse momento que a diplomacia e toda sua arte substituem as atividades comuns de alunos. Talvez você esteja se perguntando do que se trata e se você ainda não conhece, é um ótimo momento para conhecer: a SiUR é a grande atividade de imersão pelo curso de Relações Internacionais realizada anualmente no campus Seropédica. A Simulação da Universidade Rural ocorre sempre no início do ano e já está indo para sua terceira edição.
Os alunos mais antigos do curso sentiam falta desse projeto no campus, que não era comum no Rio de Janeiro como um todo. Com sua primeira edição em 2014 e caminhando para a sua quarta edição nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2017, o evento é uma das oportunidades de mergulhar no mundo diplomático.
A atividade é para todos os alunos da Universidade, inclusive inexperientes na simulação. Durante o evento da Mini Simulação de 2016, que ocorreu em outubro, no período da manhã, pôde-se acompanhar como funciona. Diversos alunos do curso estavam presentes, muitos períodos distintos, variando quanto à participação: alguns preferiram apenas observar enquanto a simulação ocorria. Alunos de outras universidades e formados também estavam prestigiando o evento, como Brunno Felix, especialista em RI pela Estácio de Sá, participante de diversas simulações. Ao primeiro olhar, parece uma reunião de amigos. Mas, assim que se começa, o evento tem a simulação de grandes ambientes diplomáticos, órgãos como o conselho de segurança da ONU: cada país tem uma delegação formada por duas pessoas, chefes de Estado, com um grupo de mediadores, uma espécie de conselho. Depois da criação de uma agenda, é quando a situação fica mais tensa: discutem-se diversos tópicos internacionais e muito polêmicos, que geram atritos e grandes discussões, como liberdade de imprensa, direitos humanos, guerras, FARCs, governos e propostas para solução de problemas. Simulando, então, como agem os países em cada assunto, de acordo com seu tipo de política externa (liberais, conservadores, tipos de alianças, assim por diante).
O objetivo, segundo o aluno Alberto Roger, do 11º período de RI, é demonstrar como funcionam os diferentes tipos de ambientes diplomáticos. “Muitos alunos têm uma visão muito bonita do que é o ambiente diplomático, do que é ser diplomata, mas não é assim. É, principalmente, saber defender, ter uma boa oratória, uma boa escrita, saber negociar, ter jogo de cintura em diversos momentos, saber quando falar e quando ouvir”. Alberto também conta que
Na SIUR, os assuntos são sugeridos pela comunidade discente e o conselho delega sobre o que vai ser tratado, geralmente com duração de 3 a 4 dias, em uma situação realmente imersiva. Enquanto a SIUR é um grande evento, a Mini Simulação é o momento para errar e tirar dúvidas quanto ao linguajar, protocolos, detalhes pequenos em cada situação diplomática, até mesmo com relação a palmas, ao tempo de discurso e como lidar com diversos assuntos. Há muita tensão e questionamento quanto a cada discurso, mas é um grande momento para praticar seus conhecimentos com economia, história, atualidades, política externa: tudo que o curso em si trabalha.
“Os alunos geralmente não conhecem e não estão acostumados com a simulação. Para maior participação, penso que seria necessário um maior apoio dos professores, dar mais visibilidade ao evento, já que todos os alunos, tanto da Rural quanto de fora, podem participar. É importante expandir esse conhecimento”, declarou a aluna Clara Rodrigues, do 9º período, uma das responsáveis por iniciar o projeto na Rural.
Mesmo com a SIUR, o curso no campus Seropédica ainda tem muitas demandas. Segundo Camilla Alves, aluna do 5º período do curso, do secretariado da terceira edição da SIUR, Relações Internacionais é recente tanto na Rural, quanto como área de estudo, o que dificulta o desenvolvimento. “Estamos caminhando bem, a cada dia conseguimos mais professores especializados, mais áreas para treinamento, como a empresa júnior de comércio, o diretório acadêmico, a SIUR. O objetivo disso é trazer cada dia mais eventos para periferia, que antes eram apenas do centro”, conclui Camilla.
Relações Internacionais é um curso relativamente recente: foi criado no primeiro semestre de 2010, no Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), sendo, então, uma novidade na Baixada. O curso tem caráter teórico e multidisciplinar. “O aluno de RI tem uma grande diversidade de disciplinas nas áreas de Economia, História, Ciência Política, Geografia, Sociologia, Antropologia, Política e Direito”, afirma o coordenador do curso, Pedro Campos.
Segundo Pedro, o objetivo de RI é “compreender os sistemas, fenômenos e o cenário internacional tanto econômico quanto político, afim de utilizar esses conhecimentos para articular negociações e entraves diplomáticos”. O coordenador também afirma que os calouros geralmente não têm a dimensão do que é o curso, então eventos organizados por alunos e professores, como palestras, podem ajudar nessas questões.
“A área de trabalho é muito diversa. Ao mesmo tempo que isso é bom, é também muito confuso”, afirma Camilla. “Aqui na Rural, grande parte dos alunos foca na área acadêmica, mas as possibilidades são diversas: tem comércio exterior, inclusive, a Rural tem uma empresa júnior de comércio, a Export; tem como ser analista, jornalista internacional, trabalhar com administração de empresas… O terceiro setor, que foca em trabalhos com ONGs, é realmente um campo amplo, vai depender do foco de cada aluno”
As inscrições para a SiUR 2017 começam em 15 de março. Você pode conferir mais informações no site oficial do evento e também olhar o teaser da SiUR que ocorre em 2017.