Pesquisar: a força do curso de História

Com incentivo desde a graduação e grandes investimentos na pós-graduação, a pesquisa tem se tornado uma opção cada vez mais atrativa para a carreira acadêmica dos alunospor Alexia Dalbem

 

O curso de História da UFRRJ tem ganhado cada vez mais destaque por conta dos seus Grupos de Pesquisa. Com um histórico de financiamento positivo, a equipe de 24 professores do Programa de Pós-Graduação conseguiu captar, entre 2008 e 2013, um alto número de recursos para pesquisa. O levantamento realizado indica que, nesses cinco anos, pouco mais de um milhão e meio de reais foi obtido. O investimento é de suma importância não só para os pesquisadores, mas também para o crescimento da notabilidade da Universidade nesse ramo.

A existência do curso, que já possui uma trajetória de 15 anos dentro da Rural, fortalece a área de Humanidades não só na Universidade, como também nacionalmente, além de evidenciar o ICHS (Instituto de Ciências Humanas e Sociais, no campus de Seropédica). Cada curso possui sua particularidade e, com História, não é diferente. A fama de investir muito em pesquisa não é por acaso, e esses traços já começam a aparecer na graduação.

 

Os NEPE’s

Há duas opções para habilitação na graduação em História: Licenciatura e Bacharelado. Elas possuem bases parecidas e o que as diferencia, além da quantidade de horas, é que a Licenciatura exige disciplinas de Pedagogia na grade, carga de estágio, determinada pela Legislação, e carga de práticas como componente curricular. Os Núcleos de Ensino e Pesquisa (NEPE’s) são um exemplo dessas atividades práticas.

A coordenadora da graduação, Luciana Gandelman, doutora em História pela Unicamp e especializada em História do Brasil Colônia, em entrevista no ano de 2016 explicou: “Os Núcleos não podem ser caracterizados no sentido de um Grupo de Pesquisa, são atividades acadêmicas não presenciais em que o aluno elabora, por exemplo, uma análise didática a respeito de algum livro e que está diretamente ligada ao ensino”. Ou seja, uma atividade que, no fim, gera um produto e, quem sabe, a vontade de continuar nessa área de atuação.

O aluno de Bacharelado deve cumprir carga horária ligada às Atividades Acadêmicas e às Atividades Científico-Culturais Complementares. Em caráter opcional, na forma de Atividades Acadêmicas específicas do Curso, ele também pode frequentar os Núcleos de Ensino e Pesquisa, que possuem temas bastante diferenciados: Núcleo de Ensino e Pesquisa em História Antiga e Medieval; em História da América e África; em História do Brasil e África; e em História Moderna e Contemporânea.

 

A área e as linhas

Com a criação do Programa de Pós-graduação (PPHR), em 2008, estudos mais especializados começaram a ser feitos a partir de uma área de concentração e de linhas de pesquisa. Após passar por uma mudança no final de 2012, a área das pesquisas continuou sendo Relações de Poder. Atualmente, as linhas são: Linguagens e História Intelectual; Trabalho e Práticas Culturais.

Especializada em Teoria da História, a professora e pesquisadora Rebeca Gontijo, vice-coordenadora do PPHR, explica que um seminário de avaliação interna do Programa foi instituído e que, entre 2010 e 2012, foram incluídos professores novos por conta do REUNI. A adaptação do perfil das linhas ocorreu para que pudesse contemplar o que esses novos pesquisadores poderiam vir a oferecer.

Detalhando mais sobre as linhas, Rebeca explicita: “Uma enfatiza as Relações de Poder, o Trabalho e Práticas Culturais, dá ênfase ao diálogo com a História Econômica e Social e tem pesquisadores da História do Trabalho, da História da Escravidão e da História Econômica. O foco recai sobre economia e sociedade, dialogando também com a História Social da Cultura. A outra Linha, que tem ênfase em Linguagens e História Intelectual, também está ligada à cultura, só que mais interessada nas representações, ideias, mentalidades e a ênfase recai sobre outro domínio que não a História Econômica e Social, estando mais próxima da História Cultural”.

 

Os grupos

Os Grupos de Pesquisa integram professores do Brasil inteiro, tanto da UFRRJ quanto de outras instituições, e até mesmo estrangeiros. Existem, atualmente, Grupos que são exclusivos da Universidade, assim como há participação de pesquisadores da Rural em Grupos dessas outras instituições, chamados de multi-institucionais.

Todos trabalham com a interdisciplinaridade, recorrendo à Filosofia, Sociologia, Economia, Antropologia, entre outras disciplinas bem como abordam uma diversidade de temas: gênero, estudos sobre política, militares, mundo ibérico, mundo medieval, diferenças e desigualdades sociais etc.

Ao falar dos Grupos, Rebeca explica sua logística de funcionamento e esclarece o que muito se ouve falar: “Essa é uma característica dentro da área de História (ser extremamente conhecida pelos Grupos). Têm muitos Grupos que fazem equipe em torno de uma temática, reúnem os pesquisadores, fazem projetos, promovem eventos, publicações. É uma forma muito dinâmica de empreender a pesquisa, de trocar resultados, de incentivar os pesquisadores que estão começando”.

 

Investimentos

A área de História, assim como as Ciências Humanas de um modo geral, lida muito com material bibliográfico, de arquivo, história oral, entrevistas, depoimentos e testemunhos. Então, o tipo de financiamento que os pesquisadores necessitam não é para equipamentos e materiais utilizados em laboratório. O material imprescindível para o historiador é a vida, a experiência humana.

Em relação ao financiamento que a Universidade recebe, Rebeca deixou claro que não se compara com o que é gasto em outras áreas, mas que, ainda assim, é preciso investimento porque, sem ele, se torna difícil fazer pesquisa. É necessário que haja subvenção, para que seja possível proporcionar recursos como tradução, revisão de texto, transcrição de documentos, viagens para professores que pesquisam assuntos de cunho internacional e até mesmo para encontros entre os próprios pesquisadores.

O que é investido em pesquisa, no fim de tudo, é revestido para a Instituição, visto que tudo que o pesquisador produz, retorna. O equipamento e os livros que são comprados ficam para a Universidade, as publicações divulgam o conhecimento que ele produz e, dessa forma, ambos saem ganhando.

 

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