A insegurança no campus da Rural
por Pamela Machado e Rafaela Arraes
Cansados de conviver com a violência na Universidade, no dia 22, cerca de 100 estudantes saíram da Praça da Alegria em direção ao Pavilhão Central (P1) para participarem de uma manifestação, cujo objetivo era expor a insatisfação da comunidade universitária quanto à segurança do campus. No P1, enquanto os manifestantes chegavam, os principais problemas apontados eram os referentes a estupros e assédios já acontecidos na Rural; falta de iluminação,de policiamento e o despreparo deles para tratarem de casos que envolvam assédio sexual. Também foi exigido que os horários do “Fantasminha” sejam divulgados de forma efetiva.
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Foto de Ana Clara Frontelmo |
O ato foi organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), pelo Coletivo de Mulheres da Rural, pelo Núcleo Universitário Negro (NUN) e contou com a presença (e participação) do Vice-Reitor, Eduardo Callado. Uma petição on-line também foi organizada. A intenção é que senadores intervenham na Universidade.
Durante o mês de maio, ocorreram vários casos ligados à falta de segurança no campus, o que mobilizou os estudantes a protestar. Na noite do dia 13, alunos do ICHS foram surpreendidos por dois assaltantes que, segundo A.B, (vítima que não quer ser identificada), abordaram quem se encontrava no ponto de ônibus em frente ao Instituto.
– Enquanto esperava uma menina tirar o chip do celular para eu entregar o meu, outra chegou e eles a renderam. Com a resistência dela, um deles mostrou a arma e disse que atiraria. Enquanto isso, o outro dizia para o parceiro que eles deveriam ir embora. Por fim, foram embora, reclamando muito. Decidi voltar para dentro da Rural. No meio do caminho, ouvi um tiro e saí correndo. Depois, ouvi outro. Acredito que eles tenham atirado para o alto. – declarou A.B.
Sete dias após esse caso, uma tentativa de estupro teria acontecido no caminho do Pavilhão de Aulas Teóricas (PAT). Conforme relatos publicados em grupos da UFRRJ no Facebook, um estudante não identificado viu uma mulher ser arrastada para o meio do mato. O universitário, então, abordou Lupicínio, motorista do “Fantasminha” – ônibus da faculdade responsável pelo transporte de alunos dentro do campus e no centro da cidade –, contou o que viu e pediu ajuda. Lupicínio acionou a guarda. Porém, nenhuma vítima foi encontrada, nenhum caso registrado e, consequentemente, nada foi confirmado.
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Foto de Pamela Machado |
Vítima de assédio, Clívia Mesquita, aluna do 3º período de Comunicação, conta que numa quarta-feira, próximo às 18h30, seguia rumo ao Instituto de Biologia (IB), uma área perigosa e mal iluminada, quando três rapazes, que vinham em sentido contrário, começaram a fazer comentários machistas e ameaçadores. Após a cercarem por alguns segundos, foram embora. Certa de que algo pior só não lhe aconteceu porque os rapazes não quiseram, Clivia diz:
– Apesar de não ter sido abusada, o efeito que as palavras me causaram foi tão violento quanto.
Esse relato nos mostra como os estudantes estão vulneráveis, e como a falta de segurança no campus afeta sua rotina.
– Muito me entristece ter que aconselhar meus colegas a evitar andarem desacompanhados e chegarem à aula antes de anoitecer, pelo menos no IB.
A aluna levou o caso à Coordenação de Comunicação, que ainda espera uma resposta da PROGRAD em relação à segurança e infraestrutura do prédio.
No entanto, a insegurança também está presente no centro de Seropédica. Paulo Henrique Barbosa, estudante de Medicina Veterinária, é morador da rua Volta Redonda, onde não existe nenhuma iluminação. Ele conta que num dia, quando chegava em casa, por volta das 20h, estacionou o carro no lugar de sempre, em frente ao seu portão. Quando desceu para trancar a porta, percebeu que um homem o observava.
– Logo em seguida, ele assoviou e surgiu um outro cara com uma arma na minha cintura, falando para eu passar o celular e a chave do carro, sempre ameaçando atirar. Entreguei tudo e eles foram embora. Enquanto estava na delegacia fazendo o BO, outra vítima surgiu dizendo que também levaram o carro dele em frente ao CNA, ou seja, na mesma hora, a 100 metros de distância de onde fui assaltado.