Alunos de Belas Artes se destacam fora da UFRRJ

Estudantes protagonizaram exposições e lançamento de livros – por Igor Celso e Lucas Meireles

Durante o mês de outubro, os alunos do curso de Belas Artes, Vitor Canhamaque, Ângela Nesti e Lívia Nair Costa representaram, através de seus trabalhos individuais, a UFRRJ  e contribuíram para o fortalecimento do curso enquanto agentes atuantes na comunidade acadêmica. Os alunos foram responsáveis por duas exposições e um lançamento de livro.

 

Vitor Canhamaque e sua máscara imersiva

 

O Primeiro Encontro de Estudantes de Graduação de Artes (PEGA) aconteceu no dia 14 de outubro, uma quarta, no Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, de 14:00 até 18:00 horas. O evento surgiu da necessidade de integração entre as escolas de artes cariocas, pois o único encontro das escolas de Arte era o nacional (NArt – Encontro Nacional de Estudantes de Arte) e foi idealizado por alunos da UFF, UFRJ, UERJ e UFRRJ. Vitor Canhamaque foi um dos alunos que representou a Rural no evento.

“Com a crise na Arte e como as escolas de arte no Rio não dialogam nem tem uma possibilidade de ter um encontro ou contato social ou geográfico, nem sabiam que na Rural que tinha Belas Artes”, comentou o aluno.

O encontro foi uma oportunidade de dar voz aos articistas em formação do Rio, mostrando os trabalhos e pesquisa tanto com exposições como com trabalhos escritos de pesquisa. Haviam duas modalidades no edital do PEGA: um trabalho para exposição e um trabalho opcional que era uma pesquisa. Dentre os organizadores desse encontro estavam o pessoal da Revista Desvio, da UFRJ, representantes do Centro de Artes Hélio Oticica e os estudantes que organizaram tudo sem apoio financeiro.

Com a temática “A Pureza é um mito”, o encontro PEGA traz o manifesto antropofágico de Oswald de Andrade que fala da miscigenação e da diversidade do povo brasileiro. Mesmo com uma linha temática, os participantes não eram obrigados a se ater à mesma, se trata mais de um direcionamento a partir do debate proposto para o evento.

Vitor Canhamaque é do segundo período de Belas Artes na Rural, mas se inseriu no meio artístico através da Escola de Artes Visuais Parque Lage, e no PEGA expôs duas peças, uma pintura e uma máscara. A pintura foi feita por iniciativa própria do aluno, com suas próprias pesquisas, já a máscara foi desenvolvida na universidade, com os apontamentos da professora Marina Vergara (DArt) que o direcionou para os trabalhos da artista Lygia Clark, cujo trabalho é intitulado de “Máscara Sensorial”. Esse trabalho serviu de base para o desenvolvimento da máscara exposta por Vitor no encontro.

Em cima das máscaras sensórias da Lygia, Vitor pensou sua própria “máscara de imersão”, que dialogava com sua pintura. Trata-se de uma máscara fechada, tanto nos olhos como na boca, com uma caixinha de som compondo o fundo, e um fone dentro da obra que tivesse o som do mar e permite que quem a use se sinta completamente imerso. Infelizmente, durante a exposição, a máscara não pôde ser manuseada pelo público por ter sido feita com material que pudesse causar alergia.

Como um dos participantes que ajudaram a organizar esse encontro, Vitor serve de incentivo para que seus colegas queiram expor seus trabalhos, e contribuiu para o crescimento do curso de Belas Artes ao dar voz e representatividade à Rural.

“A experiência como aluno da Rural foi muito boa, pois eu não vejo muito interesse da galera de expor. A professora que me orientou na máscara me chamou pra eu levar meus trabalhos para quando ela for dar essa disciplina, mais pra incentivar também. Acho que a participação, tanto minha quanto dos outros participantes é muito importante”, acrescentou o aluno.

  • "OLHOS" - Vitor Camanhaque (2017) / Óleo sobre tela / 73x73cm

 

“Fiorella e as Memórias de sua Avó” – A história do TCC de Ângela Nesti

 

Com o curso sendo uma licenciatura, os alunos precisam escolher um eixo de formação, e Ângela escolheu pintura. O TCC do curso de belas artes consiste em duas etapas, uma delas é a constituição de um memorial, que se trata de uma descrição do processo criativo do trabalho. Então, para seu TCC, Ângela precisava pintar algo e descrever o processo de criação, e como foi sua realização. A ideia do tema nasceu junto com neta de Ângela, pois na época, a filha de Ângela estava grávida, e a ex-aluna achou que seria enriquecedor para a criança, ter contato com a arte logo pequena. Assim surgiu a ideia de pintar as memórias de sua infância, e organizar essas pinturas em um livro, afim de facilitar o manuseio pela criança.

A ideia foi levada para a professora Marisa Vales (DArt), que não só aprovou mas também incentivou a criar, também, uma história. Neste livro, a autora mostra através das pinturas, como era o local em que nasceu e cresceu, expondo para as gerações futuras, os valores da época.

“A professora Marisa foi excelente na orientação, na maneira como me conduziu, como conseguiu me tirar o melhor de mim sem interferir no meu trabalho de criação”, disse Ângela.

O TCC pede que se use também, artistas como referência. A autora havia escolhido o José Batista da Costa, mas após deliberar com a orientadora, percebeu que a pintura dessa forma ficaria pesada e talvez não agradasse muito a criança, então optaram por usar a Tarsila do Amaral, que tem uma linguagem mais próxima da infantil. O livro foi muito elogiado pela banca e por isso a autora teve a ideia de editá-lo.

Para apresentar o TCC, a ex-aluna precisava ter o livro em mãos, e segundo ela, esse foi um processo bem exaustivo, pois as primeiras provas das impressões não ficavam boas. A procura foi árdua por lugares especializados pra fazer esse trabalho, mas nada agradava, então acabou experimentando na sua própria impressora, e após várias tentativas com a professora Marisa, que também ajudou muito nesse processo, conseguiram chegar num resultado que agradasse. Quando ela conseguiu o livro todo organizado e todo pronto, inclusive com os textos das páginas, ela só precisou levar em uma loja de serviço de impressão.

“Foi muito gratificante ver o trabalho finalizado, exposto, e recebendo muitos elogios, não só de amigos, mas de pessoas que foram visitar a exposição. Eu coloquei um livro de assinatura, e nesse livro muitas pessoas me parabenizaram pelo trabalho, falaram palavras muito agradáveis de e ouvir acerca do meu trabalho. Foi muito gratificante realmente”, desabafou Ângela.

  • Fotos: Ângela Nesti

 

Lívia Nair Costa e a exposição “Mulheres do Samba”

 

A aluna Lívia Nair Costa (Lina Costa) realizou a exposição “Mulheres do Samba”, com ilustrações de cantoras que marcaram a história deste gênero musical como Alcione, Clara Nunes e Dona Ivone Lara. As obras foram exibidas do dia 22/09 até o dia 23/10 no Café Épico, localizado no Centro do Rio.

“Eu me senti imensamente honrada e feliz por ter tido essa oportunidade e poder levar o nome da Rural com o meu trabalho é muito valioso para mim”, contou Lina.

Segundo a estudante, a ideia deste trabalho surgiu na disciplina Projetos Artísticos, ministrada pelo professor Sandro Lopes (DArt), que organizou, ao final do período, uma exposição coletiva na Casa do Jongo, em Madureira. O docente também foi o responsável por fazer a ligação entre Lina e o Café Épico. Sua exposição solo se tornou notícia até mesmo no Jornal do Brasil.

  • Exposição no Café Épico (Foto: Lina Costa)

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