Por: Eduarda Fernandes
O projeto “Os investimentos do Brics na América Latina”, coordenado pela cientista política e doutora em relações internacionais da UFRRJ, Ana Garcia, começou em 2011 quando os países que compõem o bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) emergiram como uma força econômica e política internacional. A partir dessa realidade, a pesquisadora vem trabalhando os aspectos da economia política internacional.
Ana destaca que foi instigante perceber a China hoje como uma potência econômica e política em ascensão. Em grande medida, o país reproduz as práticas das potências tradicionais, como Estados Unidos e outras da Europa, no que tange à atuação das suas multinacionais.
A cientista política associa a incerteza quanto à cúpula dos BRICS e da criação do novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (NBD) à hostilidade com que o governo brasileiro sempre enxergou a China, uma vez que historicamente foi simpatizante dos Estados Unidos. Contudo, com o passar do tempo, houve um recuo desse posicionamento e a cúpula tem chances de acontecer de uma forma “mais amena”.
Em seu projeto, Ana Garcia conta com a participação de duas bolsistas de iniciação científica PIBIC, um bolsista FAPERJ e um mestrando. Nas pesquisas que realizam em equipe, inclusive para a dissertação do aluno de mestrado, está presente o projeto chinês “Um cinturão, uma rota”, uma estratégia de investimento e desenvolvimento de infraestrutura em países da Europa, Ásia e África.
Outro aspecto importante considerado pela pesquisadora diz respeito ao entendimento do crescente investimento da China no Brasil, que acaba gerando um impacto até mesmo na Rural. A empresa chinesa State Grid, inclusive, já disponibilizou recursos para a Universidade, motivando o interesse de professores de diversas áreas. Daí, a relevância do mapeamento dos investimentos, realizado por ela e sua equipe, objetivando fornecer subsídios sobre quais poderiam ser as possíveis parcerias estabelecidas com a Rural.
BRICS
Em 2001, a expressão foi criada pelo economista Jim O’Neil, utilizando as iniciais dos quatro países considerados emergentes com potencial econômico para superar as grandes potências mundiais em um período de, no máximo, cinquenta anos.
No início tão somente uma classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para designar um grupo de países com características econômicas em comum, a partir de 2006 se transformou em um mecanismo internacional. Na época, Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a essa expressão na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, levando à realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como a uma maior comunicação entre eles.
A partir de 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final designando o ingresso do novo membro (o “S” vem do nome do país em inglês: South Africa). Importa ressaltar que atualmente os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial.