Ecologia das mídias: Como os meios influenciam a nossa sobrevivência?

por Igor Ferraz

foto: arquivo do curso
Marshall McLuhan, célebre pesquisador da Universidade de Toronto, no início da década de 60, teorizou sobre o comportamento das mídias e como elas interferem na percepção da sociedade e do indíviduo. No livro Os meios de comunicação como extensões do homem (Understanding Media: The Extensions of Man), publicado em 1964, o autor explica essas idéias. Nessa mesma linha de pesquisa, Neil Postman fundou, em 1971, o programa de Ecologia das Mídias na Universidade de Nova Iorque. Postman descreve a Ecologia das Mídias como uma análise crítica sobre a influência dos meios de comunicação nas percepções humanas e como nossa interação com as mídias dificulta ou facilita nossas chances de sobrevivência. Quais regras nos impõem as mídias, como elas estruturam o que vemos e porque nos faz sentir e agir como fazemos são questões levantadas por Postman.

Esse assunto foi discutido na mesa-redonda “Ecologia das Mídias (Tecnologias e sociedades)” pelas palestrantes Adriana Braga, professora no programa de pós-graduação em Comunicação Social da PUC-Rio e a professora Janet Sternberg, presidente da Media Ecology Association (MEA), mediada pelo professor Edison Gastaldo, do curso de Comunicação Social da UFRRJ. O evento aconteceu em 30 de agosto, no Salão Azul, do campus da Rural, em Seropédica, e atraiu os alunos dos cursos de Comunicação Social e Letras.

A professora Sternberg explicou ideias fundamentais de Marshall McLuhan para a Ecologia das Mídias. A primeira delas diz que o meio é a mensagem e que a estrutura da mídia é importante. As mídias não são neutras, pois há conseqüências culturais que as mídias em suas diferentes formas e abordagens trazem para a sociedade.

Ela destacou a dimensão que a imagem tomou a ponto de definir o que é real ou não. Esse novo poder da imagem, segundo a professora, se deu graças às formas com que as pessoas usam as novas tecnologias, como as mídias organizam o tempo e a sensibilidade de cada indivíduo com relação ao que é exposto pelos meios de comunicação. “Essa noção [de realidade] dependia, antigamente, de quem fala”, diz a professora. E conclui “Agora a noção de realidade está ligada ao que aparece nas mídias”.

A professora Adriana Braga apresentou a teoria tetrádica de Marshall McLuhan e quatro efeitos dela originados: a amplificação de alguns aspectos da sociedade e o recrudescimento de outros, a redescoberta de técnicas que estavam em desuso e o desaparecimento de técnicas que já foram significantes.

O tema das microcelebridades, surgidas em blogues e perfis no twitter, foi abordado para exemplificar como as mídias online podem levar uma pessoa anônima a aparecer nos meia de massa, um dos efeitos previstos nas teorias de McLuhan. O caso de uma ex-integrante do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, foi usado para explicar a relação entre os meios de massa e a internet, e concluir que microcelebridades “adaptam-se aos meios de massa, porém o inverso não é possível”.  O professor Edison Gastaldo criticou as demonstrações de repúdio feitas por internautas direcionada à participante citada e como, em forma geral, as pessoas usam a internet para exprimir todo conservadorismo hipócrita guardado dentro de si.

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