Educação diferenciada para quilombolas e indígenas

por Igor Ferraz


A diversidade etnicorracial brasileira e suas implicações na educação foram discutidas no seminário Diversidade na Escola, no dia 20 de setembro, no auditório Paulo Freire do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), da UFRRJ. Com destaque para as particularidades afro-brasileiras e indígenas, os palestrantes expuseram sobre a importância da sobrevivência das características tradicionais de cada uma dessas culturas. O professor André Videira, do curso de Ciências Sociais, mediou o seminário que contou com a participação de Renato Nogueira Jr., professor do Instituto Multidisciplinar, e a professora Izabel Mattos, também do curso de Ciências Sociais da Rural. 


O professor Nogueira explicou como aspectos culturais, religiosos e políticos são abordados na ótica africana e afro-brasileira. No tema das africanidades, ele propôs uma revisão no campo da linguagem do currículo da educação básica. Ele sugere um rompimento com o termo “dialeto” para identificar línguas não indo-européias. No campo das ciências naturais e sociais, o professor defende a valorização de certos conceitos africanos como a obtenção de chás e remédios naturais, na química; e a raça, como categoria sócio-histórica na biologia. Na geografia, ele acredita ser importante abandonar a técnica européia de representação do mundo nos mapas; e na história, a valorização da pluralidade do continente africano antes e depois da partilha feita pelos europeus. No final da palestra, o professor lembrou os avanços matemáticos obtidos pelos antigos egípcios como parte fundamental no desenvolvimento do conhecimento humano.


A professora Izabel Mattos abordou o caso das comunidades indígenas e fez um breve histórico da relação entre índio e branco europeu desde os primeiros anos de colônia até o século XX. “Na época colonial”, destacou Mattos, “a catequese visava a transformação do indígena em mão de obra para a sociedade nascente.” Na fase republicana, ela chamou atenção à ação dos missionários, que ignoraram as bases da sociedade indígena e impuseram o cristianismo e o caráter individualizante do ser. Duas características do modelo atual de educação indígena abordados pela professora foram a interculturalidade e a transculturalidade. Esses conceitos abordam a integração dos indígenas e não-indígenas pela cultura, além dos conhecimentos indígenas tão valorizados quanto os estrangeiros. A professora destacou experiências atuais bem sucedidas no estado do Tocantins com método de educação indígena contemporânea.

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