Por: Mayara Mascarenhas, Eduarda Fernandes e Mariane Freitas
O professor de História Contemporânea da UFRRJ Luís Edmundo de Souza Moraes atua também como coordenador do Núcleo de Estudos da Política da Universidade e desenvolve pesquisas com temas relacionados à política, memória e aos usos do passado, prioritariamente nos seguintes assuntos: nacional socialismo, holocausto e movimentos de extrema-direita no tempo presente, em particular aqueles ligados à negação do holocausto (negacionismo).
Luís Edmundo nunca teve dúvidas em relação à área de humanas. O interesse pela disciplina vem desde cedo, quando em sua adolescência via os filmes hollywoodianos com a temática de guerras. Durante sua graduação em história pela UFRJ (1992), encontrou o desafio de escolher o campo em que desejava se especializar, já que as eleições de 89 tinham acabado de acontecer. O fato de Fernando Collor de Mello ter ganhado as primeiras eleições diretas no Brasil o deixou intrigado.
“Como um candidato que eu imaginava que seria um lugar comum, tendo conexões com a ditadura, pode ter sido eleito, na primeira eleição direta para presidente no Brasil”, questiona.
A ideia do povo brasileiro votar a favor de uma oligarquia despertou o primeiro impulso em Luís Edmundo para estudar o fenômeno da propaganda, e a partir daí pensar e de alguma maneira “justificar” o voto dos brasileiros em Collor. Com o crescimento do parti-nazista, o vago interesse na juventude pelo nazismo se tornou uma questão a se pensar no presente, já que o passado voltava a se repetir e “vendido” para os eleitores como algo bom.
Em 2002, fez seu doutorado em história pelo Centro de Pesquisas Sobre o Antisemitismo da Universidade Técnica em Berlim, a partir de então prosseguiu sua carreira estudando a história alemã contemporânea. O professor realizou pesquisas como a ideia de nação, os partidos e a relação do campo político com o mundo moderno. Por já ter visitado países como Alemanha, Áustria e Israel, ele conta que as realidades são totalmente diferentes se comparadas com a do Brasil, uma vez que eles já passaram por guerra e nós não.
Além disso, Luís Edmundo afirma que o conhecimento do nazismo em território brasileiro cresceu mais nos últimos anos, a expressão circula comumente em Israel e é um tema público na Alemanha. Na Áustria, ele conta que nazismo é uma palavra que remete à memória e mobiliza pessoas. Em suma, ressalta ser a memória um instrumento cívico poderoso, ajudando a nos defender como sociedade dos erros e a formar um senso crítico.
Para Luís, os erros do passado não voltarão a se repetir, mas não impede que novos erros, e até mesmo semelhantes, possam vir a acontecer.
“Existem sociedades que têm a preocupação de trazer suas feridas e colocá-las ao longo do dia como instrumento para ensinar as pessoas. Acho que não tratar do “até que lugar algumas ideias podem nos levar” nos deixa desarmados, tirando nossa capacidade de reação diante de valores da mesma natureza”, finaliza.