O corpo para além do físico

por Letícia Santos

Entre os dias 1 e 3, foi realizado o seminário Conversas Sobre o Corpo, organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFEC) e o Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA). O evento teve como objetivo mostrar, com as palestras, o corpo como algo além da matéria. Entretanto, o professor Paulo Ghiraldelli advertiu, logo na mesa de abertura, que o seminário era, também, uma oportunidade de convidar aqueles que se interessam em participar mais efetivamente do GEPEFEC e do CEFA. 
Com base em Santo Agostinho, Nietzsche e outros filósofos, o tema abordado levantou questões na platéia e divergências de opiniões entre os próprios palestrantes. O professor José Nicolao (Filosofia/UFRRJ) ressaltou que, para Nietzsche, tudo que possui uma relação está conectado ao físico, junto a um paradigmatismo. Com isso, afirmou que todas as faces, tendências da política e o narcisismo são influenciados pelo filósofo. Já para o professor Paulo é impossível apontar o autor como influência para o narcisismo. Ghiraldelli destacou que poderia “estar usando os pensamentos de Nietzsche de forma errada, mas fazendo isso, também poderia estar utilizando-os de uma forma mais conveniente”. 
Além das definições de corpo segundo vários filósofos, o instinto e a razão real foram caracterizados respectivamente como a grande e a pequena razão. Em outras palavras, quando as pessoas estão agindo através de sua grande razão (instinto, corpo) e, de repente, são rompidas pelo pensamento (razão real, pequena razão), elas apresentam um processo de civilização, de autocontrole. Esta questão levantada foi baseada em Santo Agostinho, quando ele fez uma adaptação dos pensamentos sobre a tentação, sem se desviar de seus fundamentos bíblicos. 
Autores como Michel Serres e David Le Breton também foram citados durante as palestras por Martha Copolillo. Ela ressaltou, a partir desses autores, que alma e corpo não se separam; um está no outro como uma mistura, mas sem formar “outro alguém”. Martha ainda afirmou que não existe um conceito de corpo; ele é um significante em aberto. 
Por sua vez, mais que conceitos e definições, Suzana de Castro, também professora de filosofia da Rural, apresentou o corpo como representações. Ela voltou ao início da história do teatro e, depois, citou Lady Gaga e Madonna como perfis que caracterizam a força da mulher. Porém, definiu Gaga como apenas teatralidade, sem pretender passar nenhuma ideologia, apenas reproduções. 
O seminário contou ainda com as presenças dos professores Sara Panamby (PUC-SP), Benilton Bezerra (UERJ) e Edson Resende (UFRRJ). Eles abordaram as alterações do corpo. Na parte final, Edson apresentou a concepção de alma em Aristóteles.

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