O telejornalismo em pauta
|
foto de Gian Cornarchini |
No último dia 19, realizou-se a Conferência Telejornalismo e cotidiano para os estudantes do curso de Comunicação Social – Jornalismo. O evento ocorreu no auditório Paulo Freire (ICHS) e teve a participação de João Phelipe Soares, produtor de pauta da Rede Record-Cabo Frio; Cristina Frazão Cardoso, repórter e apresentadora da Rede Inter TV, afiliada da Rede Globo; Ana Paula Goulart de Andrade, editora de texto da Record-Rio; e Simone Orlando, coordenadora do curso e mediadora da mesa.
A dinâmica das apresentações foi construída de forma a levar os estudantes a entenderem como é a trajetória da notícia na televisão. Neste sentido, todos puderam acompanhar, pelo diálogo entre os conferencistas, os processos de elaboração de uma pauta, passando pelas reportagens de campo, editoração do material a ser exibido e, por fim, apresentação do produto final.
João Phelipe Soares buscou “enxugar” ao máximo as informações sobre os processos de produção de pautas. Ele relatou casos em que os conteúdos a trabalhar são escassos, mas ressaltou que, em nenhuma situação, o profissional deve faltar com o zelo jornalístico.
– Não podemos nos basear em uma pessoa, pois na região em que trabalho existem diferenças locais que podem aumentar ou distorcer alguma notícia. Devemos apurar com cuidado as suas falas.
Todo o processo de produção de conteúdo a ser enviado para os repórteres passa pela sensibilidade, afirmou ainda João Phelipe Soares.
– A sensibilidade é a chave. Às vezes, não precisa de texto, pois só a imagem fala todo o conteúdo.
|
foto de Samara Costa |
Depois da construção da pauta, a notícia é encaminhada aos repórteres que terão o contato com o material e também as idéias iniciais sobre o trabalho a ser realizado. No campo das reportagens, Cristina Frazão trouxe alguns exemplos de pautas que cobriu e destacou como funciona a comunicação entre a produção e os repórteres.
– É um trabalho feito às pressas, de forma corrida, mas deve ser muito bem feito. Devemos aprender a ser objetivos e sucintos, pois os repórteres também precisam filtrar informações.
Segundo Cristina Frazão, o repórter apresenta a produção da notícia a partir do contato com as pessoas reais, por isso, deve estar atento ao ambiente como um todo, percebendo que o programado pela pauta pode não estar correto.
– Muitas vezes, o que o repórter encontra tem pouca ligação com o que passaram para os produtores. Assim, cabe a ele ter a sensibilidade para aumentar, diminuir ou alterar o foco, mas sempre mantendo contato com a produção.
A repórter lembrou ainda que o processo final da reportagem é a construção do texto, elaborado pela associação de entrevistas, passagens e demais elementos concomitantemente.
Quando a pauta encontra-se no estágio de matéria finalizada, a figura do editor entra em cena para “polir” o material. Nesse momento da conferência, a editora Ana Paula Goulart defendeu que em todo o texto televisivo é necessária a imagem para comprovar o dito, ou seja, “televisão é imagem”.
O foco de sua fala foi sempre guiado pelas sensações que a imagem pode gerar. Ela salientou ainda a relação de disputa de mercado existente entre as emissoras televisivas e a internet. Mesmo não concordando com algumas práticas, lembrou que esse cenário de disputa impera.
– Se o material é rico e não se divulgar por alguma razão, as concorrentes podem divulgá-lo. O jornalismo atualmente lida com a concorrência de mercado e é essa a lógica que domina as mídias.
|
foto de Gian Cornachini |
O debate seguiu, então, para o papel dos telespectadores na produção de conteúdos e João Phelipe Soares afirmou:
– Qualquer imagem vai representar o real, mesmo que daquele celular mais simples.
Completando essa visão, Cristina Frazão lembrou que “todos querem se sentir representados”.
Quando questionados pela professora Simone Orlando sobre o quê é e como seria feito o jornalismo de interesse público atualmente, os conferencistas apresentaram suas impressões. Ana Paula Goulart afirmou que o jornalista deve sempre se colocar no papel do outro.
– Deve pensar em como ficaria recebendo aquela notícia, pois sempre deve ter em mente que está criando ali uma opinião pública sobre o assunto.
Durante a Conferência, ficou claro que o tempo é um inimigo da produção televisiva. Por isso, os profissionais dessa área devem passar pelo maior número de setores, buscando aprender cada vez mais, pois nem sempre o programado acontece e o improviso é necessário.