Primeiro dia da Comunicar debate a importância do diploma

por Kilber Moreira

A UFRRJ deu início, ontem, à Comunicar!, primeira Semana Acadêmica de Comunicação, com o pontapé inicial dado por um craque. Após a exibição da mensagem em vídeo do ex-jogador de futebol e agora treinador e comentarista Zico, saudando os alunos da Rural, o auditório Paulo Freire cedeu espaço um debate sobre a construção da trajetória do Jornalismo dentro da universidade.

A mesa foi composta pelas docentes Alessandra Carvalho, mediadora, Simone Orlando e Rejane Moreira, respectivamente coordenadora e vice-coordenadora do curso, e pelo palestrante da noite, Leonel Aguiar, coordenador do curso de Jornalismo e professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da PUC-Rio. Infelizmente, por motivos relacionados pessoais, a convidada Suzana Blass, chefe de pesquisa e documentação na editora O Dia e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro não pôde comparecer.

Leonel Aguiar no primeiro dia da Comunicar
(foto de Letícia Santos)
A palestra do professor Leonel Aguiar teve como principal tema a importância da formação jornalística para a atuação na área. Segundo ele, o diploma tende a ser um direito para o avanço da democracia, a partir do momento em que a formação específica (em jornalismo) garante, na maioria das vezes, profissionais bem preparados dos pontos de vista ético, técnico e teórico.

– A defesa do diploma passa pela produção de um tipo de linguagem bastante característica,que se aprende nas escolas de jornalismo. Ou seja, o modo de produzir reportagens e notícias com responsabilidade social e com parâmetros éticos, por exemplo. Além disso, uma formação superior possibilita ao profissional um domínio seguro de uma produção linguística de qualidade. O jornalismo é esse campo de mediação social.

De acordo com Leonel, a qualificação acadêmica específica assegura a qualidade técnica da material jornalístico,, uma das questões trabalhadas durante a graduação em jornalismo. A regulamentação do diploma visa garantir inclusive direitos conquistados para a classe profissional, como pagamento de horas extras e pagamento em dobro em fins de semana e feriados.

– Quando pensamos a história do jornalismo na sociedade democrática temos duas vertentes em mente: a empresarial, que pensa a notícia como mercadoria, literalmente posta à venda nas bancas; e a notícia social, que não se caracteriza apenas por ser atraente para o público, mas por possuir relevância para o cidadão. No processo de profissionalização jornalística, a disputa entre estes dois aspectos aparece desde o século XIX até a atualidade – salientou o professor, afirmando ainda que a postura ética do jornalista é definida na busca da isenção e da independência, não permitindo ao jornalista se submeter às regras do patronato sem discussão.

– Minha fala é altamente teorizada para vocês conhecerem o outro lado do campo jornalístico, não apenas o de mercado, mas de quem está na academia. Existem teorias que não pensam o jornalismo como espelho da realidade social, pois ele não apenas a reflete, mas se torna um dispositivo linguístico de construção social dessa própria realidade. Jornalismo pode e deve ser definido como uma dimensão da cultura.

Simone Orlando, Alessandra Carvalho, Leonel Aguiar e
Rejane Moreira na mesa de debate sobre a queda do diploma
O palestrante destacou, ainda, que a questão do diploma se funde com a história dos cursos de comunicação. Em 1948, após conferência, a UNESCO entendeu que o progresso no desenvolvimento dos países dependia, entre outros fatores, da formação de profissionais no campo da comunicação – nas áreas de jornalismo, relações públicas, radialismo, cinema, publicidade. Uma questão implícita, segundo o professor, era o contexto da época. Com a Guerra Fria em curso, os profissionais do campo comunicacional eram considerados de esquerda, com viés crítico. A regulamentação do jornalismo visava inclusive atenuar esta tendência combativa da formação jornalística, adaptando-a a economia de mercado.

– Com a queda do diploma, passou-se a achar que o jornalismo não é um campo intelectual, e sim apenas um sistema informativo. O jornalismo possui uma linguagem acessível aos mais diversos setores da sociedade brasileira. Os telejornais do horário nobre, por exemplo, têm sua linguagem voltada para um público amplo e diverso.

I Mostra Fotográfica dos alunos de Jornalismo
(foto de Thaís Fukuda)
Paralelamente ao início da Semana de Comunicação, foi exposta no corredor principal do ICHS a primeira produção fotográfica dos alunos do curso de Jornalismo da Universidade. Com a coordenação do professor Altayr DeRossi, docente da disciplina de Fotojornalismo, a exposição foi realizada por alunos do 4º período, representando uma ferramenta de análise prática.

– As fotos mostram aspectos da faculdade e da cidade que são familiares ao público e com perspectivas diferentes das já conhecidas. O objetivo principal desta exposição foi mostrar o trabalho dos alunos dentro da disciplina e aproveitarmos a Semana de Comunicação para divulgar este trabalho. Foi importante para valorizar a prática dos discentes.

A temática consistiu em retratar dois lados de Seropédica: a rotina da cidade e o ambiente da UFRRJ. Nas fotos, é possível perceber aspectos da Universidade e do município que são conhecidos do público daqui e perspectivas que destoam do conhecimento da grande maioria.

  • Generic selectors
    Exact matches only
    Search in title
    Search in content
    Search in posts
    Search in pages


  • Notícias Relacionadas

    V Semana Acadêmica de Belas Artes – UFRRJ

    III Semana Acadêmica de Ciências Contábeis teve como tema central a inovação em tempos de crise

    II Semana Acadêmica de Serviço Social discute questões cotidianas da profissão

    IV Comunicar reúne estudantes de Jornalismo da UFRRJ

    Último dia da Comunicar discute o espaço da mulher no jornalismo esportivo