por Carolina Carvalho
Belford Roxo, Campo Grande, Volta Redonda, Queimados, Barra Mansa, Bangu… Esses são só alguns dos municípios e bairros do Rio de Janeiro cobertos pelo ProfLetras (Programa de Mestrado Profissional em Letras), que funciona na Rural desde 2012, tem entrada anual de 28 alunos e já possibilitou a formação de mais de 60 mestres, todos professores de ensino fundamental da rede pública municipal ou estadual.
O programa faz parte de um consórcio nacional de várias IES, com sede principal na UFRN. A UFRRJ, através do Departamento de Letras e Comunicação (DLC), aderiu ao programa há 5 anos e faz parte de uma rede com mais de 42 universidades nas cinco principais regiões do Brasil. O objetivo desse consórcio foi levar, segundo seus organizadores, formação strictu senso para professores da rede básica de ensino, com a proposta de melhorar o ensino em sala de aula e aprimorar a prática do professor através da pesquisa.
Segundo o coordenador do programa na UFRRJ, Gerson Rodrigues (DLC), é exatamente isso que diferencia um programa de mestrado profissional de um mestrado Acadêmico. “Esse resultado de pesquisa que temos aqui pode e deve ser replicado em outros momentos com outros colegas, que podem trazer um resultado semelhante ao deles no dia-a-dia. Então um trabalho que é feito hoje no Rio de Janeiro pode ser feito novamente por um professor de outra região desde que eles acessem o banco de dissertações da universidade e vejam como aquele trabalho foi feito porque todos os trabalhos de conclusão, no caso as dissertações, envolvem a prática em sala de aula. São atividades propostas por esses professores que realizam um trabalho com um grupo humano específico, sétimo, oitavo, nono ano, e tem dado muito certo”, explica o coordenador.
Professor Gerson Rodrigues dá as boas-vindas á turma desse ano, na ana Aula Inaugural do Profletras, em 17/04/2018.
A professora Maria do Rosário Roxo é diretora do ICHS e também professora do Profletras. No programa, leciona as disciplinas da área de Cognição e Linguagem. Com muito entusiasmo, deu uma entrevista exclusiva ao Portal, no qual falou sobre sua experiência nessa jornada. “O Profletras é ativo nesse sentido de repensar as práticas pedagógicas, de repensar esse lugar do aluno, do professor, as subjetividades veiculadas nessa relação, o papel da escola e as relações de sentido através da linguagem”, ressalta a docente.
Na foto, os novos alunos do programa Maria Socorro Oliveira Martins Fonseca e Bruno Xavier Rocha.
Maria Socorro e Bruno Xavier são alguns dos novos alunos desse semestre e também ambos professores da rede municipal de Belford Roxo. Maria Socorro também da aula na rede estadual, onde ministra aulas de língua portuguesa, alemão e literatura para os ensinos médio, fundamental e EJA (Educação de Jovens Adutos). Depois de 13 anos de magistério, vai começar sua pós-graduação no programa do Profletras e conta sobre suas expectativas: “Espero melhorar minha prática docente e me aprofundar nesse conhecimento que é muito novo pra gente. De repente mais tarde eu possa até tentar um doutorado porque a ideia é essa, continuar estudando”, ressalta. Bruno Xavier, professor de Português e inglês há 10 anos, também está feliz por voltar a estudar: “A ideia de entrar no Profletras é enriquecer a minha vivência, a minha prática como professor. E continuar estudando, a gente professor tem essa fascinação em continuar estudando”, explica.
Andreia Cristina Jacuru Belletti é aluna do Profletras desde o ano passado e participou também na Aula Inaugural.
Andreia Cristina Jacuru Belletti, por sua vez, já é aluna do Profletras desde 2017 e professora do nono ano em uma escola no bairro Jabur, na Zona Norte do Rio. Na pós-graduação, ela escolheu como pesquisa a produção textual e trabalha com o gênero resenha em sala de aula. Pra ela, também, a sua formação continuada não para por aqui e já se planeja para continuar futuramente como aluna de doutorado. Ela nos conta como o curso ampliou sua visão sobre seus alunos: “Antes a gente via o aluno como aquele expectador que tá ali e vai aprender alguma coisa que a gente vai passar e não é só isso, ele tem uma bagagem também, tem uma contribuição. E acho que muito do que a gente ta aprendendo, tanto como fonética, fonologia, a gente tem uma outra visão na hora de corrigir uma redação por exemplo, muita coisa a gente achava que era erro ortográfico, mas depois vê que é o modo como o menino fala e acaba refletindo isso no que escreve. Então acho que essa que é a questão do Profletras: como colocar essa teoria que a gente aprende em prática em sala de aula”, reflete a docente.
Aula inaugural do Profletras reúne professores, ex-alunos e novos alunos do projeto.