Rede Globo em foco no terceiro dia da IV Comunicar!

por Thiago Silva e Ana Júlia

O terceiro dia da IV Semana Acadêmica de Jornalismo, que aconteceu nessa quarta-feira, no Auditório do PAT, foi marcado por debates sobre os oligopólios midiáticos e concessões públicas dos meios de comunicação. 

Durante a tarde, houve a apresentação do documentário britânico “Muito além do cidadão Kane”, que aborda a relação entre mídia e poder no Brasil, analisando a figura de Roberto Marinho e a construção das Organizações Globo. Em seguida, aconteceu uma discussão sobre o filme, mediada por estudantes da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOS).

Antes dos palestrastes ocuparem seus lugares na mesa, houve um momento musical, como já é de costume na Comunicar!. Ao final de sua apresentação, estilo voz e violão, a aluna do 5º período de Jornalismo Letícia Dias arrancou aplausos de todos os presentes.

Luena Nunes, Fernanda Ramos, Darlan Montenegro e Joaquín Piñero
Foto de Letícia Dias
A mesa de debates, com o tema “50 anos de Rede Globo, a gente se vê por aqui?”, contou com palestrantes de diferentes movimentos sociais e campos teóricos. Os convidados foram: a estudante de Jornalismo da UFF e membro da Comissão Gestora Nacional da ENECOS Fernanda Ramos; o colaborador do jornal Brasil de Fato e membro do setor de Relações Internacionais do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) Joaquín Piñero; a doutora em Antropologia Social pela USP e professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais da UFRRJ Luena Nunes; e, como debatedor, o doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais da UFRRJ Darlan Montenegro.

A representante da ENECOS, Fernanda Ramos, fez um rápido panorama sobre o contexto histórico da criação da emissora Globo, destacando os contratos feitos com empresas americanas. Os frutos desses acordos, segundo a palestrante, geraram uma superioridade de conhecimento técnico que foi fundamental para firmar a Globo no cenário brasileiro de telecomunicações.   

Ela também explicou que a Globo é sempre criticada porque embarreira determinadas pautas de relevância política e social, sendo a mídia hegemônica mais eficaz nesse ponto.

Quando falou sobre os 50 anos da Rede Globo, Fernanda afirmou:

— A nossa Constituição diz que, a cada 15 anos, deve haver a revisão dos direitos a concessão. Mas a Globo existe há 50 anos, sem que nunca suas concessões públicas fossem revistas ou questionadas, mesmo descumprindo várias normas.
O militante do MST, por sua vez, falou sobre a forma como a Globo representa o Movimento dos Sem Terra, veiculando com frequência notícias negativas. Joaquín também declarou que existem três vertentes que sustentam a popularidade da emissora.

— As novelas, o jornalismo e o futebol são os principais eixos mais populares da Rede Globo. É por eles que a emissora consegue maior audiência e fidelização dos telespectadores – salientou Piñero.

Foto de Letícia Dias
Como colaborador do jornal Brasil de Fato, Joaquín comentou como a criação do jornal se deu a partir da necessidade de uma mídia alternativa para propagar as pautas que não são abordadas nos veículos jornalísticos tradicionais.

— Não adianta só falarmos da Globo e criticá-la. Devemos também construir nosso próprio meio de comunicação contra- hegemônico para veicular as pautas que são verdadeiramente importantes – afirmou Joaquín.

Pesquisadora de relações raciais, a doutora Luena Nunes ressaltou as representações nas telenovelas, destacando não só a falta de negros na televisão brasileira, mas também os estereótipos criados.

— A Globo consolidou uma forma de representação dos negros nas novelas. Um negro que é sempre inferior e aparece como empregado, mantendo uma relação de subserviência a outros personagens – afirma Luena.

A professora terminou sua fala ressaltando sua preocupação com a ausência de negros nessa nova geração de comediantes, citando os canais de comédia do Youtube “Porta dos Fundos” e “Parafernalha”.

Darlan Montenegro, especialista em Ciência Política, finalizou o debate abordando a relação das Organizações Globo com a Ditadura Militar, classificando a emissora como uma força fundamental de um projeto autoritário de sociedade.

— A ditadura acaba entre 1985 e 1989, mas a Globo é a continuidade do sistema repressor do Regime Militar, desinformando a população e, assim, não permitindo que os trabalhadores participem do processo político. Por exemplo, o PSDB não conseguiria eleger nenhum político sem a ajuda da Rede Globo.    

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