Seminário sobre Discursos em Interfaces Contemporâneas é realizado no ICHS

por Andreza Almeida e Kilber Moreira

Cláudio Capuano (em pé), Roberto Rondinini, Leila Dupret,
Hans Gumbrecht, José Claúdio de Souza Alves
Começou ontem, 29, no auditório Paulo Freire do ICHS, o “I Seminário Discursos em Interfaces Contemporâneas: Clássicos Revisitados”, promovido pelo grupo de Pesquisa “Discursos: História, Literatura e Memorialismo em interfaces contemporâneas”, que congrega pesquisadores de Letras, História e Comunicação Social, em sua maioria vinculados à UFRRJ. 



Hans Ulrich Gumbrecht
(foto de Andreza Almeida)

Às 14h30, após a sessão de abertura, teve início a conferência “A importância dos clássicos na contemporaneidade”, do professor Hans Ulrich Gumbrecht, da Stanford University. Gumbrecht é autor de diversos livros, dentre os quais destacamos os seguintes, traduzidos para o português: “Em 1926: vivendo no limite do tempo”, “Modernização dos sentidos”, “As Funções da retórica parlamentar na Revolução Francesa” e “Elogio da beleza atlética”. Às 16h30, tendo como debatedor o professor Luiz da Costa Lima (PUC-RJ), Hans Ulrich Gumbrecht falou para uma platéia atenta, sobre Cervantes. Ele trouxe à tona questionamentos sobre o que é ser clássico na atualidade, destacando as mudanças que o conceito vem sofrendo nos últimos 15 anos. Além disso, assuntos como a nova relação da sociedade com o rompimento da concepção tradicionalista, tendências e consequências desse novo modo de se ver o tradicional foram abordados. Com um enfoque voltado para os clássicos da literatura nacional e internacional, nomes como Shakespeare e Machado de Assis foram trazidos à discussão. Afinal, como foi enfatizado, falar em clássicos é falar de textos que, apesar da distância temporal de sua criação, “ainda hoje brincam com o imaginário das pessoas que os leem”.

Luiz Costa Lima
(foto de Andreza Almeida)
Depois das comunicações coordenadas, que aconteceram às 18h, em diferentes espaços do ICHS, o auditório do Instituto mais uma vez lotou para ouvir o estudioso e professor Luiz Costa Lima, autor de inúmeras obras no campo da literatura, abordar o tema “Quixote: a burla como necessidade”. Costa Lima citou um de seus livros, O controle do imaginário e a afirmação do romance, no qual ele analisa Quixote. Destacou que a ambiguidade da obra de Cervantes em relação à política do rei Felipe II ( se ele seria contra e ao mesmo tempo a favor do monarca) é justamente o que caracteriza Quixote como o primeiro romance moderno. Dessa vez como debatedor, Gumbrecht lembrou que a porosidade dos textos clássicos leva os mesmos a terem leituras diferentes em diferentes contextos. E, também, à possibilidade do leitor-sujeito entrar no “jogo” da leitura.

O evento continua hoje e amanhã, sempre a partir das 14h.

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